quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Blo...bagens

Blogar é verbo pessoal e defectivo. Falta consistência, propósito ao ato para que seja algo válido, útil, menos fútil. Falar do quê? Quem não tem nada a dizer deve fazer o óbvio: manter a boca fechada. Mas como segurar a palavra na boca de um falastrão? Não digo, desdigo, ou digo o que não devo. E fico devendo, qualidade, conteúdo, propósito.

Escrevo pelo ato. Não importa sobre o que escrevo, o propósito está no simples ato, não sigo fatos. Importa ler palavras soltas, não buscar abrigo num sentido qualquer? Se este é o seu caso, tudo bem! Se entupa! Bom proveito nessa verbofagia que a minha verborréia alimenta. Nosso mundo é grande, não há bobagens suficientes que o preencha.

Feliz Natal!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Seca

Vida Seca, e não é o romance do grande Graciliano Ramos (Vidas Secas), nas uma constatação de que ando sendo um retirante de mim mesmo. Minha vida anda num perpassar monótono do tempo e eu, mero circunstante, imoto e estático, não conto dias nem horas, mato o tempo, mato a vida que aos poucos se (es)vai.

Quem vive pouco acontece pouco, não causa. Sem causa não há efeito, logo, não penso e nem existo. Como contar a vida não vivida, o fato irrealizado, o sonho não lembrado. Uma vida que se resume ao biológico, ao penoso tictaquear das horas, ao sonoro e pesado tum-tum-tum do músculo cardíaco bombeando sangue para manter a vida.

Me defino pela antítese. Sou pois não estou. O ser humano é um projeto falido, vive tanto melhor quanto menos é e quanto mais tem. Pensar não é um projeto para uma vida melhor. A filosofia nada acrescenta, é só um conhecimento que pesa na alma. Penso, logo não sou feliz.

Não leve nada a sério...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Anonymous Mau Gosto

Meu Deus do céu! Como alguém consegue aturar um personagem como esse "Anonymous Gourmet"? O que conseguem ver de bom no pernóstico, falso e exagerado "overacting" de mau gosto desse nefasto personagem?

Para o autor eu diria: Menos, bem menos e, talvez assim, fosse possível suportar o programa - que é até bem bom no seu conteúdo - sem ter que sofrer com essa tremenda carga de mau gosto - o que não fica bem num programa sobre culinária.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Desktops em risco?

Dizem os entendidos em tecnologia que os velhos desktops estão com os seus dias contados. Não sei, eu me considero um "power user",  já migrei para um "notebook" e acabei voltando para os desktops. Aceitar o notebook como um sucedâneo - e não como um complemento! - equivale a decretar a morte dos desktops, a admitir que não é mais possível o uso do pc como um aparato imóvel.


Não acredito nisso. Assim como os telefones sem fio não decretaram a morte dos aparelhos fixos - e nem mesmo os celulares mataram os fixos -, acredito na permanência dos desktops. O meu desktop já apresenta um série de melhorias funcionais em relação aos mais antigos: mouse, teclado e conexão de rede sem fio - e, ao contrário do que a maioria fala, ainda possui mais recuros do que qualquer notebook (você já viu algum note com 1,5 terabytes de HD?).


Mas a maior vantagem em relação ao notebooks está no monitor: o meu é um lcd de tela plana e 19 generosas polegadas, que faz com que tudo fique grande e bem visível, ao contrário da miniaturização dos notebooks. Mas ele não tem, é verdade, a mobilidade dos notebooks. No fim das contas é tudo uma questão de preferência pessoal, uma questão de gosto...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Perigosas Feiras


Nessa semana compareci na Feira do Livro de Porto Alegre/RS, evento literário que se realiza anualmente na Praça da Alfândega, ponto central da cidade, e que se compõe basicamente de estandes(barracas) onde livrarias e editoras expõem obras literárias ao público. Isso diz muito, mas não diz tudo sobre o evento, que possui ainda atividades voltadas aos autores e leitores - sessão de autógrafos, míni-cursos literários e coisas do tipo.

A atividade pode parecer comum, trivial, visitar uma feira literária. Mas não se engane, a atividade é muito mais complicada do que parece. Como em qualquer feira, as barracas estão lá, os produtos estão expostos nelas, e as armadilhas também! Não pense que qualquer livro é uma obra literária, não é assim que a coisa funciona, como dizem, não se pode julgar um livro pela capa, e eu digo, nem por um impressionante maço de páginas. Certo?

É claro! Há que se verificar o conteúdo. Há muito objeto estranho e não identificado que se metamorfoseia como um livro, parece livro mas não é livro. Você vê, por exemplo, uma obra sobre culinária, imagina que é seja um livro, mas não é, é um compendio de receitas, um manual de cozinha. Algo equivalente ao manual de instruções do seu microondas. Talvez pior, nesses manuais costumam ter bons textos, sempre há algumas frases aproveitáveis.

E não fica nisso, há outras armadilhas! O que dizer da mal intitulada (e falada) "literatura de auto-ajuda"? Não discuto, os livros podem ajudar tudo (principalmente a enriquecer os seus autores!), mas, definitivamente só empobrecem os leitores. Ando pensando em escrever uma obra a respeito: "Como identificar e se manter a uma distância segura da perigosa literatura de auto-ajuda".

E existe muitas outras coisas parecidas com livros, mas que não são livros. Exemplo: livors de figurinhas, de fotografias, enciclopédias, dicionários, manuais de tudo e sobre tudo, perigosas autobiografias, mais perigosas ainda biografias de terceiros, falsos escritores, escritos falsos, livros falsos etc. Sabe do que mais? Considerando tudo, uma visita a uma dessas feiras pode ser uma atividade de alto risco!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mesmismo

O mesmismo está condenado a morte. Ou talvez a pior das mortes: o ostracismo. Quem morre ao menos pára de sofrer, e quem cai no esquecimento carrega a dor de morrer um pouco a cada dia. E isso funciona assim porque nós funcionamos assim. Somos, por natureza, adoradores dos escândalos e dos escandalosos. Fosse Madonna uma menina "normal" e nunca teria alcançado o sucesso.

O mundo pertence, pois aos anormais. A anomalia é festejada a cada momento nessa vida. E todos procuram ser o mais louco, o mais diferente, o mais mais possível entre todos os mesmos para poderem ser alguma coisa nessa vida. Não é por nada que Madonna dispara contra a religião, contra os bons costumes, contra o sexo, contra o bom-senso, contra qualquer senso. E Madonna não está sendo ela, está sendo apenas aquilo que querem que ela seja.

Esse mundo está cheio de boas moças, de bons rapazes. Todos mergulhados num grande oceano de mesmice. Ser, pois, alguém certinho é a forma mais certa de alguém não ser ninguém. Não se espante com o aparente contra-senso. Na outra ponta da equação, é preciso ser muito são e experto para parecer louco suficiente para o gosto alheio. A medida certa não é fácil de achar. Fosse fácil os hospícios seriam celeiros de estrelas.

Sempre escrevo que os astros adoram condenar o período em que consumiam drogas - o que os transformavam em loucos convincentes sob demanda, ou seja, sempre que desejavam travestir-se de loucos, se drogavam. O grande barato não era a droga, mas saber a quantidade, a freqüência, enfim, controlar e não serem controlados por ela. Raros conseguiram, e muitos são os que ficaram pelo caminho consumindo e sendo consumidos pelas drogas, os loucos autênticos, os loucos trouxas (Raul Seixas, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Elvis Presley, e tantos outros).

Os loucos mais espertos, os loucos "sob demanda" estão até hoje aqui, são os ex-drogados, os que juram de pés-juntos que o sucesso na carreira não teve nada a ver com a química, com as drogas. Elas até atrapalharem, dizem eles. Como é possível separar isso agora, depois do caso passado, de agido, atuado, de usado (no duplo sentido) drogas? Tardia redenção...

sábado, 25 de outubro de 2008

Mea culpa

Eu tenho vários defeitos e entre eles um muito grave: tirar conclusões apressadas. A pressa nesse caso e na maioria das vezes, acaba por comprometer a qualidade da conclusão. Confirmo o dito popular: "o apressado como crú" - eu disse crú e, embora goste de comida malpassada, o resultado nunca é bom. Pensar e repensar é uma qualidade a ser buscada, questão de bom senso, simples sabedoria.

Pois repensei esse caso do desfecho trágico do seqüestro ocorrido em Santo André/SP. Escrevi alguns artigos a respeito responsabilizando - em parte - a polícia militar pelo insucesso. Isso é meia-verdade, em realidade a doutrina que norteou a ação da pm reflete de maneira correta o modo como pensamos a segurança pública no Brasil.

Cabe analisar a nossa doutrina de segurança pública e a linha mestra que tem sido adotada nas situações de confronto com o crime, que é: - o criminoso é mais importante do que a vítima. E isso se dá de forma concreta pela vitimização - eu chamo de "coitadização" - dos criminosos. Toda ação dos criminosos está previamente justificada pelo problema social que segrega e afasta a oportunidade de uma situação igualitária entre a população. Ponto.

No caso de Santo André, o comandante da operação só fez o que quase todos esperavam dele: optou pela segurança fisíca do seqüestrador. Eu disse "quase todos" porque não imagino que os amigos e familiares da menina Eloá concordem com isso. Mas isso é sempre assim, para sentir a dor é preciso vestir a pele do lobo.